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GOVERNO arruma um jeito de “ESCRAVIZAR” DOENTES PSIQUIÁTRICOS, ALÉM , evidentemente, DE NÃO RESOLVER


Ontem numa perícia médica psiquiátrica a paciente dizia : “ do ponto de vista psiquiatrico eu até que estou realmente bem doutor , poderia trabalhar, mas tem um problema eu sou obrigada a ir no caps ( centro psicológico do governo ) 2 vezes por semana. Eu já falei para eles que lá no caps eu só precisaria ir por causa dos remédios , mas disseram que não. Nem do médico eu falo, que não é psiquiatra, com ele eu tenho consulta a cada 3 meses. Mas lá me disseram que eu sou obrigada a frequentar umas oficinas e grupos de terapia com as psicólogas. Aí eu disse para elas: mas assim não tem jeito de eu trabalhar ! . Aí foram elas que falaram para eu entrar com “aposentadoria porque quase todo mundo lá no caps é aposentado”, que “todo mundo que entra com pedido aposenta”. Eu vejo lá mesmo pessoas fortes e saudáveis ; disseram que nós temos direito a isso. Eu tenho de ficar indo lá, tomar uns cafezinhos, colando e desenhando papeis, eu mesmo não acho que isto é “tratamento de saúde”, uma vez que estou bem ,mas elas me obrigam a ir lá porque senão não me dão as receitas e os remédios. Então, dr., eu não tenho como trabalhar, preciso me aposentar por causa disto. Todos que eu vejo lá tiveram este direito, por que eu não ? O senhor não vai me negar isto, vai ?”

Eu digo : é “engraçado” que depois dizem que somos nós , os médicos, que somos os truculentos, que inventamos doenças, que escravizamos os pacientes para ganhar dinheiro...

Pelo que entendi desta paciente, ela está meio que “escravizada” ao tratamento do Caps... Se não frequentar grupo disto, daquilo, oficina disto, daquilo, não tem direito a médico, não tem direito a remédio; evidentemtente não sou advogado, mas isto não é cerceamento de um Direito Constitucional ? . É mais ou menos aquelas histórias que os Governos inventam para tolher os direitos constitucionais dos doentes : a/ “você não é de Goiânia, não pode tratar aqui” ( peraí, cadê o Direito Constitucional de ir e vir ? cadê o Direito Constitucional do “Cidadão Brasileiro” de ser tratado como igual em todo território nacional ? ). b/ “você está com receita de médico que não é do Governo, nossa farmácia de remédios governamentais não pode dá-lo para você” ( cadê a “universalidade do SUS” ? cadê a Constituição ? então, agora, só porque o cidadão não se submete aos “médicos do Governo” ele não pode usufruir pelos bens que ele mesmo paga ? ( impostos) . c/ “o hospital conveniado do SUS que você quer ir até tem vaga, até te aceita lá, mas não vamos regular você para lá”. d/ “o seu caso é mesmo de médico psiquiatra, mas como não o temos aqui - temos toda a equipe multidisciplinar menos o psiquiatra - você terá de ser atendido mesmo por um clínico geral que nós, engambelando, chamamos de psiquiatra”. e/ você está até bem, não precisa de mais nada além de um bom médico e medicação, mas , para justificarmos nossa existência - e nosso emprego - você é obrigada a vir aqui tratar-se conosco”. É o modo de “escravizar o doente”, utilizar de sua doença para ganhos políticos e corporativistas.

Enquanto estes “Direitos Constitucionais” do cidadão são conspurcados, ao mesmo tempo, tenta-se transformá-lo num “zumbi depedente da assistência governamental” ( “todo mundo aqui tem aposentadoria” ). Enquanto aumentam-se as aposentadorias psiquiátricas, enquanto explodem em números os centros de psicologia governamentais, numa curva ascendente, há uma mesma curva ascendente superposta a esta, mas de efeitos contrários : “o número de suicídios triplica, o número de dependentes graves do crack quintuplica, o número de mortes violentas de doentes mentais quadruplica, o número de pacientes psiquiátricos presos em cadeias decuplica”. Ou seja, mostra-se que estas “políticas governamentais” não estão ajudando em nada, pelo contrário, mas continua-se aumentar seu custo bilionário.

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Marcelo Caixeta, médico psiquiatra.


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